Por vezes, através dos textos que publicamos no Bairro do Vinil, temos conseguido entrar em contacto com diversas pessoas ligadas à vida artística que nos têm fornecido informações privilegiadas não só sobre si próprias como também sobre outros parceiros das lides musicais. De todos esses contactos que temos mantido nos últimos meses, há ainda alguns mistérios que conjuntamente continuamos a tentar desvendar. Há um caso que para nós era até há pouco tempo ainda um mistério na medida em que nem nós, nem a diversa gente ligada ao fado com quem temos contactado, conseguia descortinar quem tinha sido tal personagem. Falamos da fadista Maria Amália, uma fadista que na década de 50 gravou, pelo menos, 3 EP's para a popular editora Alvorada, num conjunto total de 12 fados, a sua grande maioria da dupla João Mateus Junior/ Walda Rodilles Mateus.
O
mais curioso de tudo (e também o que mais nos intrigava) é o
facto de pelo menos uma das suas criações ser um fado sobejamente
conhecido no universo dos fadistas. O tema tem o sugestivo título de
“Toma
lá beijinhos”
da autoria da dupla atrás referida, sendo o seu refrão cantarolado
por muitos fadistas que, ainda que hoje não se recordem da letra completa mas que do
seu refrão não se esquecem, conforme tivemos ocasião de constatar
nas diversas conversas que mantivemos com alguns dos fadistas mais
“antigos” sobre este assunto.
Acresce
ainda referir (acentuando ainda mais o mistério sobre Maria Amália)
que das 3 (bonitas) capas de discos que lhe conhecemos não consta
qualquer fotografia da fadista. O mesmo se diga relativamente à
contracapa. Por outro lado, de toda a imprensa da época à qual
temos tido acesso não encontrámos ainda qualquer referência à
fadista Maria Amália, embora tenhamos que admitir que no campo do
fado nos faltam ainda muitas referências sobre as principais fontes
de informação das épocas de 30 a 50 no que a este género diz respeito.
No
entanto (como não desistimos facilmente nem à primeira nem à
segunda tentativa) e como o nosso desejo em conhecer algo mais sobre
esta fadista era realmente supremo, conseguimos apurar muito
recentemente que Maria Amália terá abandonado a vida artística em
1960, altura em que emigrou para o Reino Unido, onde constituiu
família juntamente com o seu marido, um cidadão nigeriano. Fruto
desse casamento nasceram vários filhos, muitos deles hoje ligados à
vida artística.
Infelizmente,
a vida é madrasta e a morte é efectivamente a única certeza que
conhecemos ao longo da vida. Quando há poucos dias conseguimos
identificar e saber do paradeiro de Maria Amália estávamos longe de
imaginar que ainda há cerca de dois, três anos (altura em que
começámos a procurá-la) ainda se encontrava viva e de boa saúde. Contudo, Maria Amália (ou Maria de Lourdes, seu possível verdadeiro nome) faleceu
recentemente no primeiro trimestre de 2013, com a idade provável de
80 anos, uma vez que terá nascido entre 1932 e 1933. Não
conseguimos, portanto, estabelecer contacto com esta artista, com
muita pena nossa. De igual modo não lográmos ainda estabelecer
contacto com os seus descendentes, algo que acreditamos estar para
breve, não fosse o mundo cibernético uma aldeia cada vem mais
global e pequena.
Sobre
Maria Amália restam-nos, para já, apenas os discos, a sua voz
e uma única foto que conseguimos recuperar. Devido à ausência de
informação, abreviamos ao máximo este texto, na esperança de
regressarmos em breve com mais informações, fruto da ajuda dos
nossos leitores e quem sabe, dos familiares de Maria Amália.
Para
elas, principalmente, tomem lá beijinhos...
Sem comentários:
Enviar um comentário