sábado, 16 de novembro de 2013

Conjunto de Bártolo Valença - Na quinta do Zé Tomás

Abordaremos hoje um artista que outrora teve importante mediatismo em Portugal, tendo realizado inúmeras tornées no estrangeiro, ora acompanhado pelos seus “Rapazes do Ritmo” ou mais tarde com a “Rapsódia Portuguesa”, este último um grupo popular de expressão artística bastante diversificada, conforme explicaremos adiante. Durante várias décadas foi presença assídua em algumas das mais populares casas de fados de Lisboa, embora tivesse sido, ironicamente numa boite que permaneceu mais anos seguidos enquanto músico residente. Falamos, naturalmente, de Bártolo Valença.
É difícil quantificar em qual dos dois grupos acima referidos Bártolo Valença atingiu maior notoriedade. Se no grupo popular “Rapsódia Portuguesa”, fundado mais tarde, no qual conjugou as danças com o folclore, ou se nos “Rapazes do Ritmo”, com o qual editou inúmeras gravações comerciais e no qual se estreou (provavelmente) no início dos anos 50. No entanto, inclina-mo-nos para os Rapazes do Ritmo, designação ligeiramente enganadora para os menos informados e que poderá induzir em erro, na medida em que os Rapazes do Ritmo não eram nenhum “conjunto de ritmo” ao jeito de Shegundo Galarza ou de Mário Simões, mas antes um grupo que apresentava uma música toponímica e popular-humorística, com recurso a instrumentos de cariz tradicional.

No que à sua longa carreira diz respeito, em poucas linhas, poderemos dizer que (ao contrário do que se possa pensar) a mesma não teve o seu início na música e que tampouco foi Bártolo Valença o fundador dos Rapazes do Ritmo. Efectivamente, a sua tendência artística sempre foi para o bailado, mas foi quando surgiu o convite para substituir o vocalista original desse conjunto (cuja identidade desconhecemos) que surgiu a sua grande oportunidade para singrar na vida artística, tendo assumido as funções de coordenador do conjunto e de executante. Depois de uma estreia num programa rádio publicitário, os Rapazes do Ritmo alcançaram grande êxito durante mais de 7 anos consecutivos, tendo o auge de popularidade sido atingido na década de 50 e apenas refreado quando Bártolo Valença, paralelamente com os Rapazes do Ritmo, decide fundar a Rapsódia Portuguesa.
Sobre aquele aspecto, conforme realçava o próprio artista, nunca houve realmente uma transformação dos Rapazes do Ritmo em Rapsódia Portuguesa, na medida em que ambos coexistiam, passando aqueles a fazer parte deste conjunto, numa tentativa (conseguida) de divulgação do folclore português. “A Rapsódia Portuguesa” era composta por 16 elementos, uma verdadeira aguarela de danças e cantares da nossa terra, exigindo de todos um grande esforço físico e artístico despendido por actuação, combinado tradições do Ribatejo, fado bailado, bailinhos da Madeira, cantares da Nazaré e de Trás-os-Montes, entre outras evocações.
Foto da Rapsódia Portuguesa, com Bártolo Valença em primeiro plano.
A longevidade de Bártolo Valença fazia, à data do seu eclipse, inveja a muitos outros artistas. De facto, manteve-se em cartaz, sem interrupção, desde 1956 pelo menos até 1971 (cerca de 9 anos no Restaurante Faia e 7 anos no famoso Maxime), apresentando, conforme se referiu, música vincadamente portuguesa ou de características folclóricas, cantando, dançando, representando, fazendo humor e apresentando o seu espectáculo em vários idiomas. Bártolo considerava-se um verdadeiro animador (mais comummente, um show-man, ou M.C. - Mestre de cerimónias), o que efectivamente era, um verdadeiro homem-espectáculo, que percorria o folclore do norte minhoto ao Algarve litoral, durante cerca de 3 horas por noite nos seus espectáculos no Maxime.
A canção que escolhemos para hoje faz um resumo do ambiente do conjunto bem disposto, que eram os Rapazes do Ritmo e do espírito das suas canções: alegres, divertidas e populares. Não falta nesta recriação o zurrar do burro, a ovelha, a galinha, e muitos outros animais da quinta do Zé Tomás tão bem recriada neste curtos 3 minutos que hoje deixamos aos nossos leitores.  



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