Dedicamos o espaço de
hoje a Fernando Lito Inácio de Sousa Magalhães, filho de uma cigana
e de um mulato português, mais conhecido no mundo artístico pelo
nome abreviado de Fernando Lito, cançonetista que surgiu no panorama
artístico nacional em 1966. Antes, com 16 anos apenas e tal como
muitos outros jovens aspirantes a artistas desse tempo,
tentou frequentar o famoso Centro de Preparação de Artistas de
Rádio (de onde saíram grandes cançonetistas portugueses dos anos
60, como Simone de Oliveira, Tonicha, António Calvário ou Madalena
Iglésias, entre muitos outros). No entanto, era desejo dos
professores do C.P.A.R. que o jovem Fernando Lito cantasse Jazz e
canções anglo-americanas, as quais não o seduziam
particularmente, facto que o levou a desistir da ideia de ingressar
nos quadros da Emissora Nacional.
Como não se recusasse a
desistir do seu sonho, Fernando Lito concorreu ainda no popular
concurso "Do Céu caiu uma Estrela", promovido pela
Agência Portuguesa de Revistas. Contudo, as suas aspirações
esbarraram na obrigatoriedade de cumprimento do serviço militar,
facto que o impediu de ir à final, para a qual, aliás, fora
apurado. Não obstante tal contrariedade, ainda fez vários
espectáculos na província e em Lisboa antes de partir para o
Ultramar, nomeadamente no Coliseu dos Recreios, tendo tido também a
sua estreia na RTP no programa "Parada Musical" realizado
por Fernando Frazão e com locução de Carlos Cruz.
Na Guiné, onde cumpriu
serviço militar, cantou principalmente para os membros das Forças
Armadas Portuguesas que alí se encontravam em missão. Num desses
espectáculos, em Jabadá, Fernando Lito cantou num palco improvisado
ao ar livre em que os assistentes eram militares de metralhadoras na
mão, prevenidos contra qualquer ataque da resistência rebelde.
Fernando Lito na Guiné Portuguesa
circa 1967
Uma vez cumprido o
serviço militar e de regresso a Lisboa, foi contratado para
espectáculos de televisão na América do Norte bem como para diversos
espectáculos em Espanha e Norte de África. Concorreu a vários
festivais, incluindo o famoso de Aranda do Douro, onde obteve o
segundo lugar e em 1978 foi-lhe atribuído o prémio de interpretação
no Festival da Canção Tâmega, do qual resultaria a edição de um
disco.
A actividade de Fernando
Lito não se centrou apenas na música, tendo sido também actor de
revista. Segundo apurámos, teve uma grande actividade artística até
1978, altura em que tinha como projectos montar o seu próprio show,
em parceria com José Guimarães e abrir um casa comercial de
agenciamento de espectáculos, incluindo obviamente o seu próprio
espectáculo.
Ao que sabemos, Fernando Lito voltou a editar, pelo menos, mais um disco posteriormente a esta altura já em 1990, mas sobre o qual poucas informações dispomos.
O disco que apresentamos
hoje aos leitores coincide com o primeiro disco de Fernando Lito
gravado para a editora nortenha Rapsódia, em regime de
exclusividade, cujos arranjos de Rocha Oliveira particularmente
apreciamos. Não conseguimos chegar à fala com Fernando Lito, apesar
dos contactos telefónicos que conseguimos obter. Resta-nos, como
sempre, a ajuda dos nossos leitores em descortinar o paradeiro deste
intérprete que hoje recuperamos do baú do esquecimento.
Clique no Play para ouvir um excerto das canções
Rapsódia EPF 5.574
Lado A1 - Moira, morena, romã (José Vicente-Fernando Lito)
Lado A2 - Tiqui-Toc (José Lezaun/Fausto Turell-Fernando Lito)
Lado B1 - Deus te guarde (Francisco Ataíde)
Lado B2 - Quero um novo dia (Fernando Lito-Rocha de Oliveira)
1 comentário:
Antes de mais parabens pela iniciativa! Sou ator e amigo do Fernando Lito com quem trabalhei muito... posso adiantar que ele teve a sua empresa de agenciamento artístico que se mantave ativa até à 2 anos. Embora com algumas doenças crónicas, está vivo e reside em Lisboa. Não publico o seu contato telefónico mas estou disponível para o fazer em privado, se houver interesse nisso, através do meu email: paulocesar.teatro@gmail.com
Enviar um comentário