terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bocage - Sonetos Eróticos


Não somos propriamente grandes entendidos em literatura. Todavia iremos fazer uma breve incursão por esses domínios, aliando o gosto pela poesia e pela música, acrescentando-lhe ainda um outro (picante) aperitivo: o erotismo. Se a literatura e a música, de uma forma ou outra, têm sido exploradas em Portugal desde (pelo menos) a época pré-medieval, o mesmo já não se poderá dizer do erotismo enquanto temática da literatura, e muito menos do trio “música, literatura e erotismo” combinadas entre si. É isso mesmo que hoje pretendemos abordar, trazendo à memoria os famosos sonetos eróticos de Bocage (1765-1805), precisamente através da sua reprodução em disco, na voz de Andrade e Silva (que curiosamente, num sentido diametralmente inverso, participou como declamador em vários discos de histórias infantis da editora Estúdio).
Para além de efémeras referências ao erotismo em algumas cantigas de escárnio e de maldizer, durante muitos anos o erotismo na literatura portuguesa foi conotado marcadamente pela Ilha dos Amores de Luís de Camões.
Já com Bocage, poeta nascido no contexto do pré-romântismo, imperou a sua apetência natural para a libertinagem e transgressão da moral e dos bons costumes padronizados da época. Para além do homem viajado que foi, tal como Camões, foi já nos últimos anos da sua curta vida, que os seus primeiros poemas começaram a ser publicados. Contudo, só cerca de 50 anos após a sua morte, é que foram publicadas as “Poesias Eróticas, Burlescas e Satyricas” atribuídas a Bocage, que devido ao seu conteúdo, muitas vezes para evitar a sua apreensão judicial, eram impressas e editadas de forma clandestina.
Felizmente, os tempos mudaram e o disco que hoje apresentamos “Bocage – Sonetos Eróticos” (Estúdio EEP 50269), não precisou de ser impresso clandestinamente, bem pelo contrário. Podemos dizer, sem outras intenções, que foi tudo feito às claras. Como é evidente, num disco desta natureza, os arranjos musicais não se querem muito produzidos, mas minimalistas, razão pela qual apenas uma ambiência preenchida por notas de piano, acompanha a declamação de Andrade e Silva.
Convidamos os nossos leitores a ouvirem um trecho deste disco, adiantando desde já que apresenta conteúdo sexualmente explícito, ultrapassando mesmo os domínios do mero erotismo…

Clique no Play para ouvir um excerto

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